O esporte representa uma linguagem universal para milhões de crianças, adolescentes e jovens no mundo inteiro. Assim sendo, brincar e ter acesso à pratica esportiva segura e inclusiva não é um privilégio, mas um direito fundamental de todos. De acordo com o Artigo 31 da Convenção sobre os Direitos da Criança adotada em 20 de Novembro de 1980 e retificada em 21 de Setembro de 1990, pela Assembléia das Nações Unidas,
Os “Estados Partes” reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística. (UNICEF)
A defesa desse direito faz parte da garantia do próprio desenvolvimento saudável do ser humano desde sua infância, sendo que o lazer e a prática do esporte seguro e inclusivo são fundamentais para que isso ocorra, por várias razões:
- fazem bem à saúde e estimula a aprendizagem;
- ampliam seu universo cultural;
- desenvolvem suas potencialidades;
- favorecem o relacionamento social;
- proporcionam condições para uma vida com mais qualidade.
O esporte tanto de participação como educativo, ou mesmo o de desempenho, podem ser ferramentas eficientes de complemento à educação, contribuído para o aumento do interesse dos estudantes na escola, além de ajudar a promover a inclusão social e o respeito à diversidade.
Apesar de ser um direito constitucional, como outros direitos dos brasileiros, esse também não tem sido garantido adequadamente. O cenário produzido pelos megaeventos realizados no Brasil nesta década não poderia ser mais propício para se refletir sobre o quanto o esporte é parte da vida e do imaginário de crianças, adolescentes e jovens e, mais do que isso, o quanto ele pode contribuir para a mobilização da sociedade na luta pela paz e como prática de combate ao preconceito.
No âmbito da sociedade civil, desde 2003 o Instituto Formação realiza experimentos, programas de formação e debates com esportes educativos com o objetivo de disseminar idéias e propostas para políticas públicas e programas de organizações sociais no Nordeste Brasileiro. Essas atividades têm sido apoiadas por várias organizações, fundações e redes como Fundação Kellogg (2003 a 2008), FIFA – Streetfootballworld (2006 a 2012) e UNICEF (2010-2012).
A partir desses envolvimentos, o Instituto Formação e o UNICEF conceberam em 2012 o Projeto “Escola de Mediação para os Esportes Educativos”, numa parceria inicial com a SAMSUNG. Um dos objetivos desse projeto tem sido o desenvolvimento da cidadania de crianças, adolescentes e jovens através da prática de esporte educativo, inicialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, sobretudo em territórios abrangidos pelos Semiárido e Amazônia e, posteriormente em todas as cidades sede da Copa, através do desenvolvimento de ações junto a REJUPE – Rede de Adolescentes e Jovens pelo Esporte Seguro e Inclusivo.
“Escola de Mediação”, atualmente um Programa Estratégico do Formação por dentro do qual desenvolvemos adaptações metodológicas de diferentes modalidades do esporte para a metodologia dos 3 tempos foca nas metodologias de esportes educativos e de rua bem como no conceito de mediação em esportes 3.
São muitas as organizações da América Latina, Europa e África que estão trabalhando esse conceito de mediação na prática do futebol. A experiência do Instituto Formação parte desse debate que vem sistematicamente sendo acumulado na área de esporte a partir de 2006, quando esteve no I Festival Sul Americano de Futebol de Rua, realizado na Argentina, sob a coordenação de “Defensores Del Chaco (AR)”.
Um passo importante para concepção da Escola de Mediação foi dado em janeiro de 2011, quando a partir de um debate interno, fruto de experiências nas redes de esportes educativos que participa, o Instituto Formação elaborou um primeiro esboço de projeto posteriormente dialogado com UNICEF durante a preparação do I Encontro Brasileiro de Mediação em Esportes Educativos, evento que concebemos.
Em que nos baseamos?